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Para quem trabalha num ambiente profissional sob forte tensão, com prazos de entrega apertados e cobranças excessivas da chefia, entre outras dificuldades, não é raro notar um colega que sempre foi animado e proativo mudar radicalmente de comportamento. Primeiro vem o desânimo e a dificuldade de concentração, depois reclamações de cansaço físico e mental, alterações no apetite e até insônia. 

De início, normalmente se atribui essa mudança de comportamento do colega a problemas pessoais, surgidos longe do ambiente de trabalho, pois, afinal, a rotina profissional sempre foi a mesma para todos e os demais colegas não demonstram passar pelo mesmo desconforto.

Mas o aumento significativo nos últimos anos de casos como o descrito acima no ambiente profissional levou especialistas em saúde mental a interpretar essa mudança de comportamento como síndrome de Burnout ou síndrome do Esgotamento Profissional. Trata-se de um distúrbio emocional resultado de longos e excessivos níveis de estresse provocado por condições de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

Ou seja, a principal causa da síndrome é justamente o excesso de trabalho. Ela atinge com frequência profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas e bombeiros, além daqueles que enfrentam dupla jornada.

Principais sintomas

Muitas pesquisas atestam que pessoas ansiosas, com dificuldades para tolerar frustrações, perfeccionistas e com dedicação exagerada às tarefas, têm tendência a desenvolver a síndrome. Além disso, esse perfil profissional geralmente tem altas expectativas sobre si que, somadas à necessidade de serem reconhecidas profissionalmente, ou pelo receio de perder o emprego, tem dificuldade de falar não, fazendo mais do que o necessário, num processo que, para elas, sempre será insuficiente, levando-as à exaustão.

Quando desenvolve a síndrome, é comum o profissional relegar família e amigos a segundo plano, pois costuma se convencer de que sempre há tarefas urgentes que precisam ser entregues. Num ciclo autodestrutivo, tudo colabora para o esgotamento físico, mental e emocional. É justamente esta sobrecarga no corpo que aumenta a fragilidade física, enquanto a mente desenvolve um sentimento de apatia e pessimismo, com diminuição da vontade de trabalhar.

A expressão “síndrome de Burnout” foi cunhada pelo psicanalista americano Herbert Freudenberger em 1974. O termo “burn out” – que significa “queimar por completo” em inglês — já é uma referência ao que ocorre com a saúde psicológica do funcionário conforme a doença se agrava: ele é tomado cada vez mais pelo estresse, até se esgotar completamente.

 

Doença do trabalho para a OMS

Desde o dia 1º de janeiro de 2022, a síndrome de Burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional, conforme a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade define como doença ocupacional os problemas de saúde contraídos pelo trabalhador após ficar exposto a fatores de risco decorrentes da sua atividade laboral, que afetam sua saúde física e mental.

Pela legislação brasileira, o trabalhador diagnosticado tem direito a 15 dias de afastamento remunerado. Acima desse período, recebe o benefício previdenciário pago pelo INSS – o auxílio-doença acidentário, que garante a estabilidade provisória, ou seja, este indivíduo não pode ser dispensado sem justa causa nos 12 meses após o seu retorno.

Embora descrita pela primeira vez há quase 50 anos, a síndrome de Burnout ganhou relevância mais recentemente. Segundo estudo de 2015 da International Stress Management Association (Isma-BR), cerca de 30% das pessoas economicamente ativas no Brasil já conviviam com a doença. Médicos e gestores relatam que o distúrbio teve aumento significativo de casos confirmados após o surgimento da pandemia do novo coronavírus, que empurrou cerca de 8,2 milhões de trabalhadores brasileiros para o home office, de acordo com estudo do IBGE difundido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A necessidade de trabalhar de casa, muitas vezes sem condições adequadas, obrigando o funcionário a dividir o espaço da residência com esposa e filhos, além do desvio de atenção para tarefas domésticas durante o horário comercial, afetou a saúde mental muitas pessoas que antes trabalhava num ambiente exclusivamente profissional. De acordo com as informações do Ministério Público do Trabalho, entre os anos de 2019 e 2020 (auge do isolamento social causado pela pandemia) o Brasil relacionou um crescimento de 30% nos pedidos de auxílio-doença por trabalhadores com transtornos psicológicos.

A volta paulatina do trabalho presencial permite aos gestores identificar com mais facilidade os sintomas da síndrome de Burnout entre os funcionários. O primeiro sinal é a mudança de comportamento do colaborador, por meio da qual é possível notar quando ele está estressado além da conta no trabalho. Outra dica é reparar se há exagero no uso de estimulantes, como café, refrigerante e cigarro para permanecer alerta. O uso de álcool como forma de relaxamento também pode aumentar, e quem convive com a pessoa muitas vezes é capaz de perceber a mudança no consumo.

 

Burnout x depressão e estresse

Especialistas, no entanto, advertem que a síndrome de Burnout, por influenciar a saúde mental e causar problemas mais sérios, pode ter seus sintomas confundidos com a depressão e outros transtornos de ansiedade. É importante enfatizar que, na hierarquia de descrições diagnósticas, o Burnout é considerado uma condição menor, relacionada exclusivamente ao trabalho.

As características da síndrome são sentimentos de esgotamento, exaustão ou falta de energia para exercer práticas profissionais; aumento da distância mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo em relação à profissão; e a sensação de ineficácia ou falta de realização profissional. 

Num quadro de depressão, o paciente demonstra a mesma tristeza e desânimo em outras atividades que nada têm a ver com o trabalho, numa viagem com a família e até numa festa entre amigos.  A perspectiva de vida muda – nada traz conforto, nem os bons momentos ao lado de pessoas próximas. Especialistas advertem, porém, que o Burnout pode levar à depressão.

No caso da comparação com os sintomas dos transtornos de ansiedade mais agudos, mais uma vez os sinais deixam de estar associados somente com as questões profissionais -- a pessoa se percebe ansiosa a maior parte do tempo, passa a ter sintomas físicos, como sensação de aperto no peito, batimentos cardíacos acelerados, tremores. 

 

Tratamento para a Síndrome de Burnout

Por ser um distúrbio de origem emocional, o tratamento da síndrome de Burnout requer alguns cuidados, muitos deles subjetivos, que não cabem num receituário médico fechado. Prática de atividades físicas, alimentação balanceada, horário controlado para dormir e até a busca de propósitos para a vida que vão além do trabalho ajudam a pessoa a restabelecer o equilíbrio.

Do ponto de vista clínico, o tratamento da síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos) receitados por um psiquiatra. O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso.

Como se trata de um distúrbio causado por estresse no ambiente profissional, após o diagnóstico médico é recomendado que a pessoa tire férias, saia do ambiente cotidiano e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas, como família e amigos. Além disso, claro, é preciso esquecer um pouco o que deixou para trás no trabalho.

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