Como os agentes de seguros podem enfrentar a onda de reativação esperada no próximo ano? As grandes tendências que impactam o mercado - incluindo o ‘boom’ de startups e a ‘economia gig’, nas quais mergulharemos aqui - fornecem as principais pistas. Existe um grande potencial na área de acidentes pessoais e saúde.
O foco da economia global em 2022 e do mercado de seguros em particular, está na reativação. “Hoje esse é o desafio, não há dúvidas. Estamos diante de um cenário diferente do anterior à chegada da pandemia, o que abre grandes oportunidades para agentes e corretores de seguros ”, afirma César Flores, Accident & Health Corporate and Affinity Groups para a Chubb América Latina.
Os números que Flores maneja permitem-lhe concluir que hoje o nível de consciência das pessoas e das empresas está mudando, frente aos riscos que talvez antes considerassem menos importantes. Os empresários, ao reativar operações, têm muita clareza sobre o valor do desempenho de seus colaboradores e a importância de estar bem protegidos.
Essa tendência se expressa principalmente pela expectativa de crescimento dos seguros de viagem, saúde, vida e acidentes pessoais.
Saúde e acidentes
Hoje, a possibilidade de adoecer e enfrentar elevados gastos médicos é mais visível do que antes, o que pode resultar no grande potencial de crescimento para a venda de seguros relacionados à saúde e acidentes.
Na Chubb, um estudo coletou estatísticas que confirmam esse aumento do interesse das pessoas na América Latina em cuidar da saúde: 60.5% dos pesquisados (1.728 pessoas na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Peru e Porto Rico) agendaram consultas médicas virtuais ou presenciais nos três meses anteriores ao estudo e 52.2% adquiriram remédios e dispositivos médicos como termômetros nos últimos meses. Além disso, 58.5% afirmam que fazem pausas ativas para se exercitar no turno de trabalho remoto e 45% se inscreveram em alguma plataforma virtual relacionada à saúde ou bem-estar.
“Por outro lado, o retorno das crianças às aulas presenciais está aumentando a demanda por coberturas para acidentes escolares, que havia sido reduzida nos tempos de educação online”, acrescenta Flores. É um caminho sem volta, que começou oficialmente e se escalonou em agosto no México, Equador e Brasil, na Colômbia desde junho e na Argentina desde fevereiro.
Viagem protegida
Outro segmento que vem apresentando grande crescimento é a área de seguros de viagem. Com as fronteiras cada vez mais flexíveis, o número de pessoas que se deslocam de um país para outro está aumentando. O mercado de viagens de negócios, em particular, está crescendo à medida que as limitações oferecidas pelo modo online se tornam aparentes.
A Chubb conduziu recentemente uma pesquisa global - incluindo a América Latina - em que viajantes a negócios apresentam argumentos para retomar a rotina de viagens. No estudo, 80% dos entrevistados acreditam que o contato olho no olho é muito importante, uma vez que “mensagens visuais importantes da linguagem não verbal se perdem, afetando o momento da negociação”.
Nesse cenário, ganha força a ideia de que, ao viajar, é preciso ter algum seguro: no mesmo estudo, 89% dos entrevistados afirmam estar prestando mais atenção ao que as apólices propõem.
“Os viajantes a negócios estão prestando mais atenção às coberturas e assistências que o seguro de viagem oferecem. Eles estão ansiosos para retomar suas atividades normais e para isso querem estar protegidos ”, afirma José Sosa, SVP Accident & Health and Life da Chubb para a América Latina.
A chegada variante Omicron alimentou ainda mais esse fenômeno. De acordo com o site de comparação de seguros de viagens Squaremouth.com, a demanda por seguros de viagens aumentava constantemente à medida que as fronteiras eram abertas e a confiança dos viajantes melhorava, até ultrapassar as vendas de 2019. Mas, porque a chegada dessa nova variante coincidiu com um novo impulso? No mercado aeronáutico houve um aumento de 53% nas vendas de seguros de viagem após a chegada da omicron e com a variante Delta, um aumento de 20%.
Economia Gig
O crescimento da demanda por seguros de viagem está ocorrendo tanto em viagens de negócios como de lazer. E nesta última categoria, diz Flores, surge com mais força um novo tipo de cliente: o profissional que viaja por conta própria e não como funcionário de uma grande empresa.
Depois de muitos profissionais perderem seus empregos formais em decorrência da crise econômica, multiplicou-se o número de consultores, assessores e profissionais de diversos setores que trabalham por conta própria e que precisam ou querem viajar. “Um novo player está surgindo no mercado de seguros de viagem: o viajante de negócios que está sozinho – o “one show man”- e que pensa: se eu adoecer, como o meu negócio vai progredir? E por isso, ele não sai se não tiver seguro de viagem ”, explica Flores.
Esse novo profissional costuma fazer parte do que se conhece como “Gig Economy”, conceito que surgiu nos Estados Unidos logo após a crise das hipotecas subprime que afetou o país - e por extensão, em maior ou menor grau, o restante do mundo, partir de 2007. Desde então, e como está acontecendo hoje em função da desaceleração da produção provocada pela pandemia, houve uma redução drástica da liquidez que resultou na busca de novas fontes de renda, tanto para quem estava contratado por uma empresa e que queria ou precisava de uma verba extra como para quem abriu o seu próprio negócio ou passou a oferecer os seus serviços profissionais de forma autónoma.
O uso de tecnologias passou a ser uma das principais ferramentas desse novo modelo, liderado por empresas como Airbnb e Uber. Com a pandemia, os empreendimentos com essa abordagem experimentaram um crescimento significativo e são, como sugere Flores, um alvo que os agentes e corretores devem visar mais fortemente no ano que vem.
“Existem muitas empresas novas relacionadas com entregas e transportes. Nossos agentes e corretores no México, Equador e Argentina tiveram experiências de sucesso neste ano, atendendo a esses mercados emergentes”, finaliza Flores.